Quero Estudar Música. E agora?

Muitos músicos aprendem a tocar instrumentos sozinhos, outros tocam por hobby ou criam bandas almejando o sucesso. Entretanto, existem aqueles que buscam aprimorar o conhecimento na área e estudar música. É comum encontrar música como curso superior ofertado em grandes centros urbanos no país.

Sala de aula da Ufes

O curso de Música em Vitória é oferecido por duas instituições: a Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A primeira, vinculada à Secretaria de Estado de Educação (Sedu) e ao Sistema Estadual de Ensino, oferece curso de formação musical, musicalização infantil, curso técnico, bacharelado e licenciatura em música. A segunda possui o curso de licenciatura, cujo objetivo é formar professores aptos ao ensino básico. Neste ano, a Ufes realizou mudanças no currículo e  criou a modalidade bacharelado, com habilitação em composição e ênfase em trilha sonora.

A grade curricular inclui aulas de fundamento (ritmo, melodia, canto-coral), história e prática de ensino (em licenciaturas). No caso das licenciaturas, Heloísa Helena, 27 anos, aluna do 7º período de Licenciatura em Música da Ufes, afirma que “aprendemos a reconhecer os instrumentos e qual é a melhor forma de ensinar esse conteúdo”. Ela entrou no curso de música por hobby e, se for trabalhar na área, pretende atuar na área acadêmica.

Segundo Lorena Bauer, 21 anos, aluna do 6º período de Licenciatura em Música da Fames, “o curso tem melhorado bastante. Passamos por mudanças na grade curricular, o que trouxe novas propostas e maior reconhecimento”.

Glaucimar Cardoso, 29 anos, aluna do 7º período do curso de Licenciatura em Música da Ufes, sempre teve interesse nessa área, mas só ficou sabendo que existia o curso quando foi prestar o vestibular. Começou tocando teclado na igreja e organizando um coral para jovens. Ela diz que “o mercado está abrindo desde a aprovação da lei. Quando nos formarmos, teremos mais oportunidades”. Em agosto de 2008, o governo federal decretou e sancionou a Lei n º 11.769 que torna a música conteúdo obrigatório nos currículos escolares do ensino básico brasileiro. As escolas terão até 2011 para se adequarem.

Neste ano, a Prefeitura de Vitória adquiriu mais de 3 mil instrumentos para serem distribuídos nas escolas da rede municipal. “Aos poucos, vamos introduzindo a música na escola, tomando espaço na educação básica. É como um trabalho de formiguinha”, conclui Lorena.

Estudar música requer comprometimento, paciência e esforço. Para ingressar nesses cursos, o aluno deve realizar testes de conhecimentos gerais e específicos relacionados à música. Além de ser afinado e saber tocar pelo menos um instrumento.

Viviane Machado

Edição: Astrid Malacarne

Foto: Viviane Machado

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Som para depois do expediente

Sua rotina é pesada? Suas horas no trabalho são estressantes? Não para de estudar nem nos fins de semana? O Vitrine do Som tem a alternativa perfeita para quem quer terminar o dia relaxando com boa música brasileira.

Jair Rodrigues no Agora às 7

Agora às 7 é um projeto desenvolvido pela Secretaria de Cultura do estado do Espírito Santo (Secult) e realizado em parceria com a Cajú Produções. O evento acontece uma vez por mês no Teatro Carlos Gomes e tem a intenção de unir músicos capixabas conhecidos ou não com músicos de renome nacional. Com entrada gratuita, é uma alternativa às atrações já conhecidas e comuns da noite capixaba.

“Soube do Agora às 7 pela televisão. Moro em Vitória há 7 meses e não conheço nada de música capixaba”, comentou Alzira Ester que sentava em uma das primeiras filas do teatro, ansiosa para o show.

Com temporada de shows definida até o final do ano, a edição de setembro do evento foi realizada na última quarta-feira (08) e teve como atrações o carismático Jair Rodrigues e um talento do samba capixaba, Rogerinho do Cavaco.

A noite teve início com a cantora Anastácia Monteiro. De voz suave, porém potente, Anastácia cantou duas músicas. “Espero que essa noite seja tão especial para vocês quanto está sendo para mim”.

Jair Rodrigues

Jair Rodrigues e sua banda composta por Marcelo no teclado, Carlinhos no baixo, Giba na bateria e Paulinho no violão se apresentaram em seguida. “A primeira vez que estive em Vitória, você não era nem nascida”, disse apontando para uma jovem na platéia. Constantemente com sorriso no rosto, Jair não aparenta seus 71 anos de idade: dançava, pulava e plantava bananeira. Com um pique impressionante, cantou músicas de todas as épocas, como se contasse a história da música popular brasileira.  De Pixinguinha e Elis Regina a Zeca Pagodinho – tudo estava presente. Músicas como “Não deixe o samba morrer” e “Madalena” foram as que mais agitaram e emocionaram o público.

A primeira parte do show de Jair Rodrigues foi de 45 minutos de música ininterruptos, como um grande pout-pourri. Encerrou chamando a próxima atração: “Fiquei honrado em ser convidado para tocar aqui hoje e apresentar esse talento de Guarapari. Aplausos para Rogerinho do Cavaco”.

Rogerinho do Cavaco

Músico e jornalista de 27 anos, Rogerinho do Cavaco abriu o show de apresentação do seu segundo CD com “Ave Maria” tocada no cavaquinho. Tocou tanto músicas autorais, como a animada “Viver sonhando”, quanto músicas de grandes intérpretes como Paulinho da Viola, Beth Carvalho e Diogo Nogueira. O músico homenageou a cidade de Vitória: “Parabéns Vitória, sou de Guarapari, mas essa é minha segunda casa”. E terminou a apresentação chamando Jair Rodrigues de volta ao palco.

Para segunda parte de seu show, Jair apresentou músicas românticas, como “Majestade e o sabiá” e alguns de seus maiores sucessos. “Não ache que o rap nasceu fora do Brasil não! Nasceu aqui, em 1964, com aquela música que vai assim…”, fazendo a famosa dancinha com as mãos e cantando “Deixa isso pra lá”. Essa canção é ainda hoje considerada a raiz do rap brasileiro por seu refrão falado.

Jair concluiu a noite cumprindo com o objetivo do Agora às 7. Reuniu-se, então, com Rogerinho do Cavaco no palco para cantar e encerrar o show.

Isabella Zonta

Edição: Viviane Machado

Fotos: Isabella Zonta

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Não deixe o samba morrer

Não deixe o samba acabar. O samba de raiz e o chorinho permanecem vivos e com muita força. Fina Flor do Samba é o nome de um dos grupos capixabas que mantêm esses tradicionais estilos musicais no Estado.

Grupo Fina Flor do Samba

Com apenas três meses de formação, Fina Flor do Samba é composto por Monique Rocha no vocal principal, Luiz Gonzaga, o “Peruca”, no violão, Cesar Ameida no cavaquinho e bandolim, Nininho Santiago no surdo, e Paulinho Harmonia no pandeiro. Com exceção da Monique, todos já possuem anos de estrada em outros grupos de samba e choro.

Felicidade. Esse é o nome da única música autoral do conjunto, que pretende compor mais. No repertório, musicas de compositores como Jacob do Bandolim, Geraldo Azevedo, Pixinguinha, Noel Rosa, Cartola, Adoniran Barbora, Ary Barroso, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Vinicius de Moraes e Chico Buarque. Nas apresentações, muito samba no pé e nostalgia.

Paulinho Harmonia

Entrevistado, Paulinho Harmonia, 53 anos, que participava do bloco que gerou a escola de samba Unidos do Jucutuquara e que tem um tio como um dos fundadores de Unidos da Piedade, manifestou a descaracterização sofrida pelo samba com os recentes grupos de pagode. Além disso, afirmou: “Há uma ignorância cultural, pesquisa-se pouco sobre o samba, sobre a música brasileira. A mídia contribui para isso. A maioria não conhece a história e as músicas desses gêneros”.

Segundo o grupo, o Fina Flor do Samba “nasceu de uma semente, que germinou na costa de Vila Velha, do botão desabrochou e agora leva seu perfume e sonoridade para outras paisagens”. Em atividade na Grande Vitória, essa flor já esteve no evento Casa Aberta, Restaurante Natural Sol da Terra, Augustos Botequim, Restaurante Deboni’s (Praça do Papa), esses em Vitória, Aloha, Barra do Jucu, Sanduicheria da Vila, Itapoã, e Bar do Pantera, Campo Grande.

Henrique Monteiro

Edição: Viviane Machado

Fotos: Acervo Fina Flor do Samba e Henrique Monteiro.

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Você sabe o que são covers?

No último sábado (28), a equipe do “Vitrine do Som” foi ao Teacher’s Pub conferir a apresentação de duas bandas que fazem isso muito bem – Foo Dancers e Over Jam.

Versão cover é uma releitura de alguma música anteriormente gravada. Muitos artistas tocam covers como uma forma de homenagem. Outros formam bandas covers, que além de tocarem as músicas, fazem performances como as bandas originais: imitando cabelo, roupas e até trejeitos.

Foo Dancers em show no Teacher's Pub

A Foo Dancers, formada em janeiro desse ano, faz cover do Foo Fighters. A banda é composta por Fred (vocal), Salim (baixo), Murilo e João Vitor (guitarra) e João Paulo (bateria). “Não houve dúvida na escolha da banda, todos gostamos de Foo Fighters”, afirma João Vitor. Antes de iniciarem a Foo Dancers, os integrantes já participaram de outras bandas. Alguns deles já tocaram na Volume 7, Dead Fish, Super Combo, Válvula e The Big Band.

A banda já fez apresentações no IlhAcústico, Jazz Café e no 2º Festival  Brothas & Rockers em Guarapari. O último foi um show beneficente realizado em julho desse ano, em que a entrada era 1 kg de alimento a ser doado a instituições carentes da região. “As bandas participantes também tinham que fazer a contribuição, o que era bem legal”, disse Murilo.

Os caras contam que o repertório possui 25 a 30 músicas, mas que ainda estão o incrementando para que a apresentação fique cada vez mais fiel a banda original. Em relação aos seus discos preferidos do Foo Fighters, todos concordam que “The Colour and the Shape” seja o melhor, exceto Murilo, que prefere o último, “Echoes, Silence, Patience and Grace”.

Chang Im, Sasha Sears e amigo capixaba

Durante a apresentação, um grupo de canadenses atraiu a atenção tanto da banda quanto de quem assistia ao show. Os gringos, muito animados, cantavam todas as músicas, especialmente “The Pretender” e “Times Like These”. “O show foi irado, nos divertimos bastante”, disseram Chang Im e Sasha Sears que vieram ao Brasil para visitar as acomodações da Vale em Vitória, Ouro Preto, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

A outra banda da noite, a Over Jam é formada por Neto (vocal), Wellington (baixo), Léo e Diogo (guitarra) e Lucas (bateria). Os rapazes, juntos há um ano, sempre fizeram cover do Pearl Jam. Eles contam que as músicas que mais gostam de tocar são “Alive”, “Do the Evolution”, “Black” e “Last Kiss”, pois têm maior resposta do público.

Over Jam em show no Teacher's Pub

Durante o show, a presença de turistas de Palmas, Tocantins, fãs de Pearl Jam, chamou a atenção da banda pela euforia. José de Arimatéia, um dos visitantes disse que “o show foi ótimo, representaram muito bem a banda original”. Wellington, baixista da Over Jam, conta que “é um prazer tocar para várias pessoas que gostam da banda, porque somos apaixonados pelo que fazemos e, claro, somos fanáticos por Pearl Jam”.

Foo Dancers e Over Jam, junto com a banda Dublin (cover do U2) planejam o evento Rock’n’Cover, cujo objetivo é realizar alguns shows no interior do estado a partir de novembro. Para os integrantes da Over Jam, “é uma forma de estender o trabalho da banda e levar rock anos 80/90 para quem curte”. A intenção da turnê é levar músicas e bandas clássicas do rock, mesmo que não sejam interpretadas pelas originais, a quem não tem a oportunidade de assistir ao vivo.

Foo Fighters

Foo Fighters é uma banda de rock formada em 1995, nos Estados Unidos que possui sete álbuns lançados e é sucesso internacional. O grupo é liderado pelo ex-baterista da banda Nirvana, Dave Grohl.

Pearl Jam

Pearl Jam é uma banda de rock norte-americana que estourou no auge do período grunge (ramificação do punk rock, heavy metal e rock alternativo) local e é considerada uma das mais populares e influentes bandas da década de 1990.

Viviane Machado

Edição: Isabella Zonta

Fotos: Henrique Monteiro

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Um Reflexo do Samba na Soul

O som feito pela banda Kalifa pode ser definido simplesmente como um samba que mistura percussões e guitarras. O grupo, porém, é muito mais que uma miscelânea de ritmos: utilizam do rock, funk, soul e MPB para realizar suas performances e interpretar clássicos do samba brasileiro.

Banda Kalifa em show no Teacher’s Pub

A banda é formada por Diego Lyra no vocal e violão, Bruninho Lima no baixo, Derick Pilinga na guitarra, Duda Rasta na bateria, Saulo Santos na percussão e a Orquestra Metaleira composta por Will e Alan Caldas nos trompetes. Certa vez, reunidos na casa de praia do vocalista em Praia Grande, Fundão, onde começaram a tocar, viram surgir o nome da banda: lá existe uma tal Praia do Califa. A família, então, se criou. Desde o início, as músicas brasileiras sempre foram a preferência musical do grupo e o samba-soul é o estilo que fundamenta seus shows.

As influências dos integrantes abrangem o samba-rock desde o seu início com Branca Di Neve na década de 1960, até seus representantes mais novos, como Jair Oliveira. Jorge Ben Jor, Tim Maia, Martinho da Vila, Bebeto, Jair Rodrigues, Chico Buarque também se incluem.

O grupo já gravou um Extended Play (EP) promocional “Esqueça o mundo e balance!”, produzido por Ricardo Mendes, para apresentar suas músicas autorais. O título do EP “tem a idéia da banda em lançar o seu olhar, esquecer o mundo mesmo, pois o show é bem animado, bem pra cima” diz Diego. “Cada um tem sua própria visão das coisas e com a música é assim também.” explica.

Eles já tocaram em vários lugares do Espírito Santo e em outros estados – a exemplo o Casa Rosa, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e divulgação da cultura brasileira. “O cenário no Rio é enorme. Há uma grande receptividade para o que é autoral e novo. O público quer consumir coisas novas.“ diz Diego. Por exercerem atividades paralelas à música que os prendem ao Espírito Santo e ainda não haver um CD de divulgação, a banda Kalifa não investiu na sua estadia fora do estado, apesar de já ter ocorrido tal convite.

Palco do Teacher's Pub para show da Banda Kalifa

Na última sexta-feira, 27, a banda realizou no Teacher’s Pub a noite “Kalifa Convida”, na qual dividiram o show com outros artistas capixabas. O palco foi decorado com camisas de futebol penduradas num varal junto com cuecas e meias e, pelo chão, caixotes de madeiras serviam de mesa para garrafas de cerveja. Tudo remetendo às rodas de samba: do estilo descontraído da performance ao som ritmado característico do grupo.

“A nossa missão aqui é nada mais nada menos que ser um espelho: mandamos energia para vocês e vocês refletem para nós.” Diego Lyra falou no show. O cantor Bruno Medeiros subiu aos palcos dividindo o microfone com Diego em Tarde de Domingo, música autoral da banda Kalifa.  Tal canção narra a história de um capixaba que vai ao Rio numa partida de futebol, homenageando as torcidas.

Banda Kalifa e Mc Set em show no Teacher's Pub

Mc Set também foi convidado para o show: fez o encontro do seu hip hop com o samba-rock, incorporando rimas às músicas da anfitriã da noite. Diego também se arriscou a fazer rimas e se deu bem. Rabujah da banda Tabacarana, Di Morais, cantor e compositor capixaba, e Tatiana Wuo, jornalista e cantora, também participaram.

A banda está com CD em processo de gravação e se apresentará nos dias 24, 25 e 26 de setembro no Rio de Janeiro com a gravação do CD e DVD ao vivo.

Extended Play

Um EP (extended play) é o nome dado a uma gravação em vinil ou CD que é longa demais para ser considerada um compacto (singles) e muito curta para ser classificada como álbum. Normalmente, um álbum tem oito ou mais faixas e tem duração variando entre 30 e 60 minutos; um single tem uma ou duas faixas e uma duração típica de 5 a 15 minutos; um EP tem entre quatro e oito faixas e duração de 15 a 35 minutos.

Casa Rosa

Um movimentado centro de estudo e divulgação da cultura brasileira situado no Bairro Laranjeiras, no Rio de Janeiro. O centro atende a todos os tipos de público através de suas diversas atividades e programação. Durante a semana recebe moradores do bairro e pessoas da comunidade local para suas oficinas, além de eventos de poesia nos fins de tarde e saraus. Nos fins de semana tem uma agenda que conta com programação variada, de samba, forró, rock, MPB, chorinho além de música regional em eventos que reúnem pessoas de todas as idades.

Astrid Malacarne

Edição: Isabella Zonta

Fotos: Isabella Mariano

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Quer provar desse prato?

Ao contrário do que muitos pensam, a cena musical capixaba é bastante movimentada. Nossa pequena capital é centro de convergência de bandas de todos os tipos e gostos. Do rock alternativo à roda de samba – o talento é abundante. Quem se pergunta o porquê da aparente inexpressão artística, uma das possíveis respostas é simples: não existe muito espaço, nem apoio para a divulgação dos nossos talentos.

Divulgação do 4º Festival Prato da Casa

Inicialmente, o Prato da Casa era um quadro no programa Bandejão 104.7 da Rádio Universitária FM, agora se tornou um festival que faz a diferença no quesito incentivo. “O festival é um caminho mais rápido para quem é bom”, diz Guilherme Zag, 23 anos, um dos atuais bandejetes em entrevista, “Essas bandas, de repente, não sairiam da garagem ou só sairiam com o apoio de algum produtor, mas isso é muito difícil de encontrar no mercado capixaba”.

Em sua quarta edição, o Festival Prato da Casa organiza um evento aberto com apresentações de bandas da Grande Vitória selecionadas em concurso. Os critérios principais para a participação são: a ligação com a região de Vitória, pelo menos um dos componentes deve residir no município; a boa gravação de uma música autoral; e o tempo de formação do grupo, este de no máximo cinco anos. “Bandas de fora já souberam do evento e pediram para participar, mas o evento é sobre bandas locais”, comenta outro bandejete, Rodolpho Paixão, 23 anos.

Desde 2010, o festival recebe apoio do Centro de Referência da Juventude, o CRJ, o que proporcionou uma divulgação para além do mundo universitário. Por ser o ritmo predominante nas inscrições, o rock se torna maioria. “O Prato da Casa não é festival de rock’n’roll, mas sim de bandas independentes.”, diz Rodolpho. Mas essa situação parece que está começando a mudar: “Teve um cara que participou com um samba ótimo e um grupo com um forró legal. Fiquei chateado por eles não terem entrado, mas não gravaram a demo como deveriam”, relembra.

Banda Anti-Milk em apresentação

O festival, agora com verba suficiente, segue para o seu segundo cd – uma compilação com as músicas das bandas selecionadas. “O mais legal é que o cd vai para Zona Franca de Manaus ser prensado. Além de gravarmos as músicas no melhor estúdio do estado. É algo profissional.” Tal profissionalismo foi comprovado quando o Prato da Casa recebeu convite para fazer parte da Associação Brasileira de Festivais Independentes, a Abrafin. “É uma grande vitória, um reconhecimento.”, concordam os entrevistados.

Formação atual da Banda Risco

Conversando com Vinícius de 19 anos, vocalista e guitarrista da banda Anti-Milk, umas das selecionadas neste ano para a gravação do cd, percebe-se a repercussão do Prato da Casa nas carreiras dos músicos capixabas. “Foi ótimo. As músicas passaram na rádio e agora recebemos cachê nos shows.”, comenta Vinícius que divide a Anti-Milk com Caio (vocal e baixo), 18, Gabriel (guitarra), 19 e Rafael (bateria), 17. Já Rodrigo Haru (guitarrista e vocal), 18, Kauê (baixo e vocal), 18, Edgar (guitarra), 16 e Paulo Cesar (bateria), 16 não tiveram sua banda, a Banda Risco, selecionada para o festival, mas mesmo assim não deixaram de ganhar com a divulgação: “A situação melhorou. Durante o processo de votação pela internet e telefone, a rádio tocou a nossa música. Pessoas que antes não sabiam da banda, passaram a conhecer nosso som. Isso foi muito positivo”, comenta Rodrigo.

Apreciar a cultura local é sempre importante. Sem errar no ponto, o Festival Prato da Casa alavanca o cenário musical independente do estado como poucos eventos o fazem e proporciona um espaço valioso para a degustação de nossa música.

Bandejão 104.7
Equipe Bandeijão 104.7

O Bandejão é um programa de rádio realizado inteiramente por alunos de Comunicação Social da Ufes, produzido atualmente pelos estudantes de Jornalismo Rodolpho Paixão, Joyce Castello e Vinícius Altoé e pelos estudantes de Publicidade e Propaganda Guilherme (Zag) e Amanda Brommonschenkel. Esse espaço livre para a expressão estudantil foi criado em 2004. Com a orientação da professora Janaína Leite, é também projeto de extensão na universidade.

Centro de Referência da Juventude (CRJ)

O CRJ é um centro aberto para a expressão da juventude, oferecendo aos capixabas atividades que variam do teatro à capoeira. Com diversos projetos, inclusive o Festival Prato da Casa, o CRJ é referência no que se diz respeito a apoio cultural.

Isabella Zonta

Edição: Isabella Mariano

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Uma Homenagem ao Black

Em meados dos anos 60, surgiu nos EUA o Black Power, um movimento negro que deu força às vozes que clamavam por igualdade racial e que influenciou gerações.  Realizada no Teacher’s Pub, localizado na Praia do Canto, em Vitória, a festa Black Power Show reuniu na noite da última sexta-feira (20) as bandas capixabas Whatever Social Club e Sunrise Blues Band. No evento, o penteado característico desse movimento não esteve presente, mas a música que conduzia esse comportamento, sim.

Show da banda Whatever Social Club

Os estilos soul, funk, groove foram alguns dos reproduzidos por Gabriel, Danielle e Sabrina nos vocais, Erikson na guitarra, Henrique no baixo, Thalles na bateria, Mário no saxofone e Júnior no trompete. Com dois anos de formação, a Whatever Social Club apresenta um repertório variado. James Brown, Jackson Five, Ray Charles, Michael Jackson e Amy Winehouse são alguns nomes que dele fazem parte. O início da banda deu-se justamente pelo interesse nas músicas dessa cantora inglesa. “Foi a primeira coisa que pintou”, disse o excêntrico Gabriel. Depois, passaram a tocar outros músicos e gêneros devido aos diversos gostos musicais dos integrantes. O nome do grupo, inclusive, tem origem dessa diversificação. “Mesmo tocando vários artistas, temos um estilo próprio, o que agrada ao público”, afirmou a backing vocal Danielle.

Segundo os integrantes, a banda é mantida mais por ser um hobbie, já que o cenário musical do estado é caracterizado por baixos cachês e poucos espaços para apresentações das bandas locais. “O público capixaba gosta dos estilos que tocamos, mas não há muita direção de onde ir por falta de espaços destinados a essa parte do público”, afirma Gabriel. Além disso, o grupo relatou a dificuldade de se reunirem para ensaiar, já que todos exercem outras funções lucrativas.

Apresentação do grupo Sunrise Blues Band

Após a animada apresentação da Whatever Social Club, que colocou o público para dançar e cantar, o blues tomou conta de vez do Teacher’s Pub. A Sunrise Blues Band, formada por Rodrigo Rezende no vocal e na gaita, Rodolfo Moraes na guitarra, Emerson Araújo no baixo e Raul Orsini na bateria, representou em alto nível esse outro gênero musical afro-americano.

Interessados em ouvir blues nas noites capixabas e cientes de que faltavam opções para isso, o grupo se formou há quase oito anos com o intuito de ser uma boa alternativa para os amantes desse estilo. Tendo em suas influências nomes como Albert King, Buddy Guy, Stevie Ray, Little Walter e Robert Johnson, possuem ainda músicas autorais, como Blues Para Esquecer. “Musicalmente, o Espírito Santo não perde para ninguém”, afirmou o bluesman Rodrigo. “A Grande Vitória é um celeiro de bandas espetaculares. Muitas bandas daqui são referências fora do Estado. Não se sabe a qualidade que o músico capixaba tem”, completou. Apesar dessa qualidade, o vocalista relatou ainda a dificuldade e a necessidade de uma melhor divulgação dos shows dessas bandas locais.

O guitarrista Rodolfo na festa Black Power Show

Rodrigo revelou que recebeu e aceitou recentemente o convite dos amigos da Whatever Social Club, que o chamam carinhosamente de “Vovô”, para assumir o vocal do grupo com a saída de Gabriel, que irá morar no Rio de Janeiro. “Amo vocês. É um prazer tocar com vocês”, declarou Rodrigo à banda amiga. No palco, o som de sua gaita levava a platéia, já de madrugada, ao delírio. Principalmente quando o bluesman decidiu descer e se unir ao público. Um dos momentos mais marcantes do show. O solo da bateria de Raul foi muito aplaudido, inclusive por Thalles. O guitarrista Rodolfo também impressionava. “Você toca muito!” gritou um fã.

Com muito soul, funk e blues, o evento Black Power Show fez jus ao nome. Em noite de grandes apresentações, boa música afro-americana e muita animação, as duas bandas representaram a qualidade dos músicos locais, deixaram o público satisfeito e mostraram mais uma vez que são boas opções para as noites capixabas.

Henrique Monteiro

Edição: Isabella Mariano

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Um Groove Diferente

Jardim Camburi sempre foi visto com bons olhos  por seus moradores, mas infelizmente não possuía como referência nenhum espaço para shows que desenvolvesse o lado musical do bairro. Entretanto, surgiu há pouco tempo nos mapas de Vitória um lugar que mudou esse quadro, o Roda Rock (foto). Com uma proposta irreverente, o bar abre suas portas para amantes do rock interessados em boa comida e em música de qualidade. Tudo tem a ver com o rock: do nome ao cardápio. Assim, todo final de semana o Roda Rock apresenta sempre uma banda diferente, passando por covers de Beatles e de Pearl Jam ao pop rock nacional. Além das bandas da noite – que tocam numa sala apropriada -, o som ambiente da área aberta do bar é o bom e velho rock’n’roll. Nas paredes internas, algumas de suas influências musicais: um vinil do Rush, uma miniatura do Jim Morrison, uma foto dos Beatles.

O interessante é que esse novo espaço dá oportunidades a bandas que estão começando. É o caso da SoultoGROOVE (foto) que se apresentou no Roda Rock, na última sexta-feira (20). A formação atual do grupo conta com André de Paiva e Flávio Amil nas guitarras, Getulio no baixo e Giordano “Dodas” Bianchi na bateria. Mas não foi sempre assim. Em 2008, os amigos de infância André e Getúlio se juntaram e decidiram tocar juntos, mas faltava um baterista. Ainda que o contato fosse pouco, Dodas foi o escolhido. A banda seguiu com apenas três integrantes até 2009, quando Flávio entrou para o grupo.

Os rapazes mostraram a qualidade de sua música tocando melodias instrumentais e totalmente improvisadas. A harmonia desenvolvida entre os integrantes nos ensaios semanais possibilita esse tipo de apresentação. “Buscamos o groove dentro dos estilos”, relatou André em entrevista. Groove é esse sentimento criado da interação entre a música tocada e o ritmo da banda.

Ainda que tenham uma produção totalmente independente, o grupo pretende lançar um álbum. Para isso, estão investindo na otimização de suas músicas ao vivo, para gravá-lo dessa forma. O repertório é bem direcionado de acordo com o lugar que irão se apresentar. Tocam geralmente músicas próprias e, com improvisações, não se limitam às versões originais quando fazem algum cover. The Rolling Stones e Nação Zumbi são duas das bandas que já foram homenageadas pelos integrantes. O grupo alega que fazer cover aproxima o público, mas preferem tocar suas próprias composições.

Influenciados principalmente pelos discos “Check your head” e “The Mix-up”, da banda Beastie Boys, os rapazes não desistem de fazer música. Inclusive, um deles vive somente dela, o baterista Dodas que possui um estúdio. Justamente por haver tanto amor à música, a banda se dedicava a tocar frequentemente, de graça, na Ufes. Essas apresentações propiciaram uma maior divulgação do trabalho e com isso logo foram chamados para participar do festival Omelete Marginal de 2009.

Ter tocado nesse festival foi uma ótima experiência e, segundo a banda, o maior evento que já participaram. André conta que o grande diferencial desse festival, para a SoultoGROOVE, foi o público, bem maior do que nas casas de shows que costumam tocar. “O problema de Vitória é a dificuldade de encontrar lugar”, disse ainda. “Vitória já foi melhor no rock”, completou Flávio. Mas ainda que sejam poucos, existem lugares onde podemos curtir uma boa música capixaba. O Roda Rock é um deles.

A banda SoultoGROOVE agradou ao público do Roda Rock

Isabella Mariano

Edição: Henrique Monteiro

Fotos: Isabella Zonta

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Música em Casa

Moda, arte, gastronomia e boa música. O evento Casa Aberta – Encontro de Moda e Arte, segundo a dona da casa Stael Magesck, “aguça todos os sentidos”. Realizado mensalmente, reúne tudo isso num único espaço onde todos podem usufruir o que há de melhor da produção capixaba.

A banda de garagem Allky, cujo nome vem de um trocadilho com a expressão “OK”, foi responsável pela abertura desse evento realizado no último sábado, 14, no Centro de Vitória. Formada por Lette no vocal, Marcos Moura no teclado, Douglas Shester no baixo, John na guitarra e Jode na bateria, a banda fez sua primeira apresentação juntos. Mesmo assim, a maioria dos integrantes já atuava no cenário capixaba produzindo um som mais underground. Agora, tocam um pop rock que agrada ao público em geral.

Banda Allky no evento Casa Aberta

O repertório escolhido foi uma mistura de clássicos, como Guns N’ Roses e Cindy Lauper, com os mais modernos, como Lady Gaga e Katy Perry, tudo numa roupagem própria. A interação que há entre os integrantes fez com que a primeira apresentação da banda ficasse num nível de outras mais experientes. O público aprovou. “Gostamos do show e da seleção das músicas” disseram Andrea Ataíde e Sheldon Marx.

A banda pretende compor músicas com letras em português com o intuito de torná-las mais facilmente memorizáveis e conhecidas. Com isso, buscam um espaço próprio e também querem expandir para fora do Estado, uma vez que o mercado local é restrito.

A outra apresentação foi da banda Viva Las Vesgas, formada por Márcio Vaccari no vocal e bateria, Fabrício Drummond no contrabaixo e Marcelo Maia na guitarra. Para deixar o público animado com um som dançante, os caras capricharam na guitarra clássica influenciada por Elvis Presley.

Viva Las Vesgas em apresentação no Casa Aberta

Viva Las Vesgas em apresentação no Casa Aberta

“O estilo rockabilly é mais divertido para tocar, para as pessoas ouvirem e dançarem.” disse, Vaccari, explicando o motivo de tocarem o estilo do Rei do Rock. Na verdade, tudo se resume à diversão para os rapazes da banda. O nome é devido a uma brincadeira que eles fizeram com as pin-ups deixando-as vesgas, além de fazer alusão à uma das famosas músicas de Elvis, Viva Las Vegas. O início da banda também foi por diversão. Eles se juntavam para tocar como amigos e, com isso, acabaram tocando em vários lugares, estando agora com um ano e meio de formação.

Essa experiência faz com que os shows sejam diversificados. O repertório musical é direcionado de acordo com a interação do público. Vaccari entende que o Casa Aberta é propício para uma mistura de músicas mais calmas com mais animadas. O grupo já tocou em ambientes dos mais serenos aos mais agitados. No último sábado, encontrou um espaço lotado em que todos cantavam e dançavam ao som do rockabilly.

Astrid Malacarne

Edição: Henrique Monteiro

Fotos: Isabella Zonta

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